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Quatro ‘erros graves’ da denúncia da PGR sobre Anderson Torres, segundo a defesa

Um relatório da PF sobre urnas lido em uma live, dois depoimentos de testemunhas e até um erro na interpretação de “quem era o chefe” serão argumentos usados pela defesa

Natália Martins|Natália MartinsOpens in new window

Testemunhas de defesa de Anderson Torres serão ouvidas nesta terça-feira Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

Depõem a partir de hoje ao STF (Supremo Tribunal Federal) as primeiras testemunhas arroladas pela defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro, na ação penal sobre tentativa de golpe de estado.

A principal linha de defesa do ex-ministro é mostrar que afirmações da PGR (Procuradoria Geral da República) na denúncia foram baseadas em depoimentos inconsistentes, revogados e em interpretações equivocadas da Polícia Federal, além da falta de provas das alegações.

Nas 272 páginas em que a PGR pede o indiciamento de Bolsonaro e figuras do alto escalão de seu governo, Torres figura como personagem que teria assessorado juridicamente o ex-presidente em uma tentativa de golpe e tentado interferir durante o segundo turno das eleições direcionando operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na região Nordeste.

“O MJSP não tem 13 andares”

Na página de número 82 da denúncia, a PGR tenta provar reuniões com o ex-ministro para caracterizar ordem dele à então diretora de inteligência do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) Marília Alencar na produção de um documento com cidades onde Lula teria mais votos.


A PGR afirma que “o objetivo escuso dos encontros com ANDERSON TORRES foi explicitado em trocas de mensagens datadas de 7.10.2022. Ali se vê que, FERNANDO DE OLIVEIRA deu conta de que o “chefe chamou” e combinou um encontro no 13º andar. Pouco tempo depois, MARÍLIA respondeu que estava muito ansiosa e “doida para poder fazer alguma coisa”.

A defesa alerta que o Ministério da Justiça, onde Torres trabalhava, tem apenas cinco andares, e aponta como provável endereço dessa reunião a sede da Polícia Federal, no setor hoteleiro norte, onde funcionava a Seop (Secretaria de Operações Integradas do MJSP), onde o chefe de Marília e Fernando era o secretário Alfredo Carrijo.


Em outro apontamento, a defesa de Torres aproveita depoimento da testemunha Clebson Ferreira, analista de Inteligência encarregado pela produção de BIs (Business Inteligence) dentro da diretoria de Marilia.

Clebson Ferreira é um personagem central, que teria denunciado a elaboração de um relatório sobre os locais onde 75% ou mais da população votavam em Lula ou em Bolsonaro.


Segundo a denúncia, Clebson confirmou que suas análises foram utilizadas para direcionar ações de fiscalização da PRF no segundo turno das eleições. Na página 82 da denúncia, o Ministério Público tenta provar a interferência direta de Torres e diz que ao longo de outubro “o analista foi chamado a participar de diversas reuniões e manteve comunicações com outros altos dirigentes, como ANDERSON GUSTAVO TORRES, então Ministro da Justiça”.

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal na última semana, Clebson respondeu ao ministro Alexandre de Moraes que não falava e que não conhece o ex-ministro.

Outro depoimento que ajudou a defesa de Torres foi o do ex-chefe da Aeronáutica, o brigadeiro Batista Jr. O militar afirmou que retifica um primeiro depoimento à PF de que Torres não teria participado de nenhuma reunião entre ele, Bolsonaro e os outros chefes da Marinha e exército.

Na acusação, a PGR afirma que Torres participava das reuniões assessora do juridicamente Bolsonaro sobre um possível golpe.

Segurança das urnas

Um polêmico relatório feito por peritos da Polícia Federal foi mais um motivo de acusação contra Torres. No dia 29 de julho de 2021, o ex presidente realizou uma de suas lives onde atacou a segurança do sistema de votação por urnas no Brasil.

Anderson Torres participou da live e teve a fala questionada e usada contra ele no relatório da PGR. Segundo a defesa, ele leu relatórios da PF sobre a segurança das urnas, feitos em 2016, 2018 e 2020 a pedido do TSE como colaboração para a segurança do sistema durante a live.

Na denúncia, o procurador afirma que “Torres deturpou relatórios da PF para desacreditar as urnas”. A defesa do ex-ministro solicitou ao ministro Alexandre de Moraes cópia dos documentos oficiais da PF para mostrar que “Torres apenas leu um documento público, uma vez que sua participação foi determinada pelo presidente da República”.

Em despacho, o ministro Alexandre de Moraes acatou o pedido da defesa e pediu que a PF entregasse os relatórios sobre as urnas, “se é que existiam”, para a defesa de Torres.

De fato, os relatórios estavam lá. Há duas semanas o atual diretor-executivo da PF enviou os relatórios e agora eles são parte das peças públicas da ação penal que julga o caso de tentativa de golpe e para a defesa do ex ministro “provam que durante os 4 minutos e 35 segundos dentro da live, Torres apenas reproduziu, sem adicionar nenhuma palavra, um relatório da PF sobre as urnas”.

A defesa de Torres se apega a uma “falta de provas” para as alegações finais e afirma que a PF teria tido o ao conteúdo do celular de Torres “pela nuvem”. O ex-ministro alega ter perdido o aparelho quando voltou dos Estados Unidos.

A partir de hoje a defesa de Torres interroga ao menos 26 testemunhas.

Testemunhas do dia:

  • Braulio do Carmo Vieira
  • Luiz Flávio Zampronha
  • Alberto Machado
  • George Estefani de Souza
  • Djairlon Henrique Moura
  • Caio Rodrigo Pelim
  • Saulo Moura da Cunha

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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