:root { --editorial-color: #556373; } body { writing-mode: horizontal-tb; font-family: var(--font-family-primary, sans-serif), sans-serif; }
Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Entrevista

Minha Casa, Minha Vida puxa recorde de vendas e lançamentos no 1º trimestre

Em entrevista, o presidente da CBIC, Renato Correia, analisa o resultado positivo do setor nos primeiros meses de 2025

Entrevista|Do R7

Minha Casa, Minha Vida responde por mais da metade dos lançamentos Zack Stencil/Ministério das Cidades

O mercado imobiliário registrou recorde de vendas e lançamentos nos primeiros três meses deste ano. O resultado foi puxado pelo Minha Casa, Minha Vida, que aumentou sua participação no mercado. Segundo o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Renato Correia, o programa do governo federal foi o grande protagonista do trimestre.

“Mesmo em um cenário de crédito caro, o brasileiro segue acreditando no investimento em moradia. A força do Minha Casa, Minha Vida, aliada ao crescimento da renda e à estabilidade no emprego, sustenta esse desempenho positivo”, afirma Correia.

Veja também

Em entrevista ao R7, ele afirma que o mercado vai crescer mais ainda com a Faixa 4 do programa federal, que entrou em vigor em 5 de maio, para atender famílias com renda mensal de até 12 mil e financiar imóveis de até R$ 500 mil. “No ano ado, o setor cresceu 4,1%. Nossa perspectiva para este ano é de novo crescimento de 2,3% do PIB da construção”, acrescenta.

Os Indicadores Imobiliários Nacionais, divulgados pela CBIC, mostram que, entre janeiro e março, foram vendidas 102.485 unidades residenciais numa amostragem de 221 cidades em todo o país, o que representa um crescimento de 15,7% em relação ao mesmo período de 2024. Já os lançamentos totalizaram 84.924 unidades, com alta de 15,1% na comparação anual.


Foi o maior valor para um primeiro trimestre, desde o início da série histórica, em 2016. O Minha Casa, Minha Vida respondeu por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no período, com crescimento de 40,9% nas vendas e de 31,7% nos lançamentos em relação ao primeiro trimestre de 2024.

O aumento da participação do programa é explicada pelas condições de crédito mais íveis, com juros reais próximos de zero, e pelo aumento da participação de estados e municípios com subsídios adicionais.


Correia defende o fim do saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), porque, segundo, desde 2019 a antecipação dos valores já tirou R$ 200 bilhões da habitação. Ele afirma ainda que o déficit habitacional do país atingiu 7 milhões. Veja a seguir a entrevista:

O presidente da CBIC, Renato Correia Vinicius Loures /Câmara dos Deputados - 02.04.2025

R7 - Mesmo com os juros altos, aumentou a participação do Minha Casa, Minha Vida nas vendas e lançamentos?


Renato Correia - O Minha Casa, Minha Vida cresceu. Mas não diria assim por causa dos juros altos. Mas muito mais pela regulagem do programa, em termos de teto, R$ 350.000 no Brasil todo, taxas de juros fixas dentro da regra do programa, ela não sofre influência dos juros altos, e um bom orçamento do FGTS, bem equilibrado, praticamente igual do ano ado.

Tudo isso somado impulsiona o Minha Casa, Minha Vida. Então, aumentou a participação por isso, independentemente se a taxa de juros era de 10% e aumentou para 14,75%. Independentemente disso, cresceria de qualquer forma, é isso que eu estou querendo dizer.

R7 - Mas os juros atrapalham a outro lado do mercado?

Renato Correia - Aí sim. Quando você tem uma taxa Selic alta, há fuga de capital da poupança, o maior financiador da classe média. Então, só nesse primeiro trimestre, mais de R$ 30 bilhões foram sacados da poupança. Houve a diminuição do saldo da poupança. Ao longo do ano ado todo, foram R$ 20,4 bilhões. Quando você diminui recursos depositados na poupança, você tem mais dificuldade de atender a pessoa física da classe média. A expectativa é que caia de 15% a 20% o montante total de financiamento realizado pela poupança.

Minha Casa, Minha Vida para classe média começou em 5 de maio Reprodução/Record News - 06.05.2025

R7 - Falando da classe média, qual é a sua avaliação sobre a nova Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida, que atende famílias com renda mensal de até R$ 12 mil e entrou em vigor em 5 de maio?

Renato Correia - Foi uma medida muito inteligente e com potencial transformador da dependência que a classe média tem dos recursos de poupança. O que nós estamos vivenciando nesse caso é uma utilização de recursos do Fundo Social que vem da questão do Pré-Sal e vem com um recurso adicional, de R$ 15 bilhões, mesclado com mais R$ 15 bilhões de recursos livres da Caixa. E quando você acrescenta R$ 30 bilhões na Faixa 4, que é a pirâmide social, a renda imediatamente acima do Minha Casa, Minha Vida, de R$ 350.000, você pega muita gente na classe média. Então, vem recompor essa falta de dinheiro da poupança com o acréscimo do Faixa 4.

“E o mais importante ainda é que, se a gente lembrar que a habitação é um direito constitucional sem recursos garantidos no Orçamento, diferente da saúde, pela primeira vez, no nosso país, nós estamos vendo algum recurso destinado para a habitação. É do Fundo Social, praticamente, é dinheiro público, que pode ter uma recorrência de aplicação ao longo dos anos. Isso nunca houve no nosso país. Então é uma medida acertadíssima na nossa opinião.”

R7 - E com relação ao saque-aniversário do FGTS, houve algum avanço nas negociações?

Renato Correia - Houve o lançamento do e-consignado (crédito consignado do trabalhador do setor privado). A gente tinha e tem ainda expectativa que isso possa interromper o saque-aniversário ou pelo menos a antecipaçãp de parcelas do saque-aniversário dentro do FGTS, mas infelizmente nós não vimos nenhum movimento adicional nesse sentido.

Consignado do trabalhador do setor privado tem garantia pelo FGTS LUIS LIMA JR/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 21.03.2025

R7 - E qual é o problema que pode causar se não houver nenhuma mudança?

Renato Correia - O saque-aniversário é uma retirada extraordinária. Desde o 2019 isso vem ocorrendo, já deve estar se aproximando aí de R$ 200 bilhões no acumulado. O dano que isso ocorre é que cada real não colocado na habitação, cada recurso endereçado para outros fins, é muito prejudicial para a habitação, que tem um déficit habitacional de 7 milhões de habitações no país, em especial, na baixa renda. Então, é muito preocupante e lamentável essa situação.

O FGTS acaba sendo alvo de muitas tentativas de endereçamento desse recurso para outras necessidades e que, por mais justas que sejam, normalmente elas têm oportunidade de encontrar solução em outros recursos. A educação tem orçamento, a saúde tem orçamento, tem Bolsa Família, tem uma série de condição de o a recursos e aplicar o FGTS nisso é incorreto na nossa opinião.

“O FGTS é para atender o trabalhador dia que ele perder o emprego e para fazer frente à habitação, infraestrutura, saneamento que não tem recursos carimbados na União. Essa é a nossa, nossa visão.”

R7 - O senhor citou 7 milhões do déficit de habitação. Qual que é a perspectiva para esse déficit?

Renato Correia - O déficit ele tem diminuído proporcionalmente, mas nominalmente tem sido muito resiliente. O que a gente defende é acréscimo de recursos, e o do Pré-Sal é uma boa notícia nesse sentido.

Mas, se se a gente avaliar, e a gente fez essa conta, se pegar 7 milhões de habitações por um valor médio, precisaria de R$ 1 trilhão de investimento. Seriam R$ 100 bilhões por ano durante 10 anos, fora o que a gente já etá fazendo com FGTS e com poupança e com outras fontes.

Então é realmente robusto o investimento para zerar o déficit, que é um sonho de qualquer brasileiro.

R7 - E com relação aos empregos, o setor continua bombando ou não?

Renato Correia - O setor continua empregando bastante. Nós estamos com quase 2.958.000 pessoas com carteira assinada. Nós somos hoje o maior salário de entrada. Você acredita nisso? De todos os setores. Nós ultraamos até o poder público no salário de entrada. O setor deve continuar empregando, porque a nossa perspectiva de crescimento para este ano é de 2,3% do PIB da construção. Ano ado crescemos 4,1%.

R7 - Qual é o destaque dos indicadores desse trimestre no setor?

Renato Correia - O destaque é que o mercado continua indo bem, apesar dos juros. Esse é o destaque. Apesar da alta da Selic, o mercado continua indo bem.

R7 - A renda baixa que está puxando esse destaque?

Renato Correia - Sim. Minha Casa, Minha Vida cresceu mais do que o mercado normal. E agora com a nova Faixa 4 vai crescer mais ainda, é a nossa expectativa, porque nós nesse trimestre ainda não tem nenhum impacto do Faixa 4.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.