Entenda a ação judicial da AGU contra empresas envolvidas na fraude do INSS
Entre os destaques, está o pedido de bloqueio de R$ 2,56 bilhões das empresas envolvidas no esquema
Brasília|Do R7

Em meio ao processo de apuração de um esquema de descontos indevidos de contas de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a AGU (Advocacia-Geral da União) pediu nessa quinta-feira (8) à Justiça Federal uma série de medidas para contornar o prejuízo das vítimas e responsabilizar os envolvidos no esquema fraudulento.
A ação busca a indisponibilidade de bens e a quebra de sigilos bancário e fiscal de associações de aposentados e pensionistas, bem como de empresas intermediárias e dirigentes que estariam envolvidos nas fraudes do INSS. Um dos principais pedidos da AGU é o bloqueio de R$ 2,56 bilhões das empresas citadas no caso.
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Na avaliação da AGU, há “fortes indícios” de que as empresas que participaram do esquema foram criadas apenas para praticar fraudes, usando, principalmente, “laranjas”. Além disso, o órgão constatou que servidores públicos eram pagos para autorizarem os descontos indevidos.
Entenda os principais pontos da ação judicial
Bens bloqueados
A AGU informou que as empresas suspeitas de envolvimento, atualmente alvo de um processo istrativo de responsabilização, devem ter os bens indisponíveis para a garantia do pagamento da multa a ser imposta.
Além disso, segundo o órgão, o bloqueio serve como forma de reparação “do dano que potencialmente recairá sobre o INSS”, o que contribuirá para captação de recursos “indevidamente extraídos dos benefícios de aposentados e pensionistas”.
Até o momento, os prejuízos calculados pelo INSS envolvem os valores que o instituto deverá restituir aos beneficiários vítimas do esquema fraudulento, que somam R$ 2.567.083.470,44.
Além deste valor, há um montante estimado em pouco mais de R$ 23,8 milhões relacionado às empresas que serviram como intermediárias para o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos. Este valor é utilizado como parâmetro mínimo de multa e reparação para estas empresas e pessoas físicas a elas vinculadas.
A AGU argumenta que a investigação conduzida pela CGU (Controladoria-Geral da União) e pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, demonstrou que as pessoas jurídicas e físicas com envolvimento no caso praticaram atos lesivos contra a istração pública, como pagamento de vantagem indevida a agentes públicos para autorizar descontos e a criação e uso de “entidades de fachada” com o único propósito de praticar fraudes.
A Advocacia-Geral da União alerta para o risco de que os suspeitos ocultem ou dissipem seus bens, especialmente considerando a natureza do esquema fraudulento, e pede que a indisponibilidade de bens e ativos financeiros seja determinada de forma urgente, visando garantir a reparação do dano e a aplicação de multas.
Quebra de sigilos e mais pedidos
Além de pedir o bloqueio de bens, a AGU solicitou à Justiça:
- Quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos;
- Bloqueio de atividades financeiras, inclusive operações com cartões de crédito;
- Suspensão temporária das atividades das entidades associativas requeridas;
- Apreensão dos aportes dos envolvidos;
- Expedição de ofício às corretoras de criptomoedas, para localizar e penhorar valores eventualmente existentes.
Veja as associações suspeitas de envolvimento na fraude
- ASBRAPI (Associação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos);
- Associação de e Assistencial e Beneficente para Aposentados Servidores e Pensionistas do Brasil;
- Associação no Brasil de Aposentados e Pensionistas da Previdência Social;
- Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas;
- Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas;
- Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas
Reembolso
O governo planeja iniciar o reembolso dos aposentados vítimas de fraudes no INSS até o fim de maio, segundo o presidente do órgão, Gilberto Waller.
Ele explicou que, hoje, 27 milhões de aposentados estão recebendo mensagens pelo Meu INSS informando que não foram vítimas de fraudes. A expectativa é que na semana que vem, a partir de terça-feira (13), eles comecem a avisar os aposentados que tiveram descontos no benefício.
“Serão 9 milhões de pessoas que receberão a manifestação ou chamado pelo INSS de que teve algum tipo de desconto em folha associativa”, disse Waller.
“Eles [aposentados] serão informados pela plataforma Meu INSS, o canal de informação oficial. Peço que os aposentados não abram email, mensagens de Whatsapp, ou SMS. O INSS não se comunica por outro meio que não seja o Meu INSS. Neste dia, vamos informar se o beneficiado teve desconto e qual foi o valor”, explicou.
A partir de quarta-feira (14), os aposentados poderão, pelo Meu INSS e pela central de atendimento 135, informar ao INSS se o desconto foi autorizado ou não.
“Se o cidadão, olhando esse dado, realmente disser que não foi associado, que não reconhece esse vínculo, nós vamos acionar a associação. O aposentado não precisa fazer nada, não precisa juntar documento ou preencher qualquer coisa. Ele simplesmente vai falar se reconhece ou não esse desconto”, detalhou.
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