Túneis entre Gaza e Egito foram cruciais para terroristas do Hamas montarem arsenal de guerra
Rede subterrânea clandestina foi usada durante anos para contrabando e agem de pessoas para o território palestino
Internacional|Fernando Mellis, do R7

Muito tem se falado sobre os túneis que terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica usam dentro da Faixa de Gaza para se locomover e atacar Israel, mas uma rota subterrânea específica foi muito mais estratégica para os extremistas se prepararem para a guerra atual.
Antes de construir túneis dentro de Gaza e em direção a Israel, o Hamas investiu na escavação de agens para o Egito, na fronteira sul do território palestino.
No fim de outubro, as FDI (Forças de Defesa de Israel) confirmaram que os terroristas contrabandearam armas e munições, financiadas pelo Irã, por túneis sob a fronteira egípcia com o território palestino para os ataques de 7 de outubro.
O portal de notícias israelense Walla afirma que, até 2013, o Hamas conseguiu construir "centenas de túneis com infraestrutura de transferência rápida, utilizando carrinhos deslizantes sobre trilhos e sistemas elétricos" em direção ao país vizinho.
Essa rede servia para a fuga de famílias palestinas, mediante o pagamento de taxas, e também para a entrada de pessoas, equipamentos e mercadorias.
A região que separa as duas cidades de Rafah, a egípcia e a palestina, é chamada de Faixa de Filadélfia. O Egito iniciou uma campanha para acabar com essas ligações, em 2013.
Somente em 2018, o governo afirmou ter inundado com água do mar ou esgoto 37 túneis, além de destruir centenas de casas que serviam de porta de entrada e saída.
Em 2021, o Hamas informou que três "trabalhadores" morreram no desabamento de um túnel no sul da Faixa de Gaza, após gás ter sido introduzido a partir do lado egípcio.
Cadeia de fornecimento
As ações, todavia, não impediram o Hamas de continuar a empreitada subterrânea, com novas agens, mais precárias (sem escoramento), mas ainda assim funcionais.
Segundo a agência de notícias Reuters, uma fonte de segurança na região garantiu que as galerias do Egito para Gaza continuavam ativas recentemente, com a anuência de autoridades.
"A cadeia de fornecimento ainda está intacta nos dias de hoje. A rede envolvida na facilitação da coordenação inclui alguns oficiais militares egípcios. Não está claro se o Exército egípcio tem conhecimento disso", disse, sob anonimato.

Outras pessoas ouvidas pela Reuters confirmaram que rotas de contrabando "mais estreitas e profundas" ainda estavam em operação, mas que o tráfego diminuiu "quase completamente após o início da guerra".
Para a diretora sênior do Programa Israel e Rede de Segurança Nacional da FDD (Fundação para a Defesa das Democracias), Enia Krivine, é preciso uma cooperação entre o Egito e Israel para garantir que o Hamas não volte a utilizar esses caminhos no futuro.
"Israel deixou claro que um dos principais objetivos da guerra é desmilitarizar Gaza. Se o Egito quiser ver o fim da guerra, deve neutralizar os túneis, que forneceram uma artéria crítica para o abastecimento de armas a organizações terroristas apoiadas pelo Irã em Gaza. O Cairo também deve garantir que os líderes do Hamas não usem esses túneis como uma saída, para evitar as consequências de suas atrocidades."
Nas fotos, os terroristas estão equipados com rifles semiautomáticos subaquáticos e simulam invasões em grupos pequenos, de até cinco pessoas
Nas fotos, os terroristas estão equipados com rifles semiautomáticos subaquáticos e simulam invasões em grupos pequenos, de até cinco pessoas