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Terras raras: veja quais são os minerais que os EUA querem explorar na Ucrânia após acordo

Tratado entre os dois países prevê uma cooperação na exploração de recursos naturais

Internacional|Do R7

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e a vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, assinam acordo Reprodução/Facebook/Yulia Svyrydenko

Após meses de negociações turbulentas, Ucrânia e Estados Unidos fecharam, na quarta-feira (30), um acordo para cooperação na exploração de recursos naturais. A iniciativa visa acelerar a recuperação econômica ucraniana e enviar um sinal político à Rússia.

Um dos principais pontos do acordo envolve os vastos recursos minerais da Ucrânia. Estima-se que o país possua cerca de 5% das “matérias-primas críticas” do mundo, essenciais para indústrias de tecnologia, energia e defesa. Parte dessas reservas, no entanto, está localizada em territórios atualmente ocupados por forças russas.

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Quais são os minerais?

Entre os minerais mais valiosos da Ucrânia estão cerca de 19 milhões de toneladas de grafite, mineral fundamental para a fabricação de baterias de veículos elétricos. O país também abriga 7% das reservas europeias de titânio, amplamente utilizado em aviões, turbinas e instalações energéticas.



A Ucrânia possui ainda um terço dos depósitos europeus de lítio, elemento crucial para baterias modernas. Outros recursos presentes em seu território incluem berílio e urânio — essenciais para armamentos e reatores nucleares — além de cobre, chumbo, zinco, prata, níquel, cobalto e manganês.



O país também conta com grandes depósitos de terras raras, um grupo de 17 elementos utilizados em eletrônicos, turbinas e equipamentos militares. Essas reservas são de enorme importância estratégica, já que a China controla 75% da produção mundial de terras raras.



Entretanto, segundo uma análise da consultoria canadense SecDev, a Rússia ocupa atualmente 63% das minas de carvão da Ucrânia e metade de seus depósitos de manganês, césio, tântalo e terras raras. Estima-se que US$ 350 bilhões em recursos estejam sob controle russo, privando Kiev de receitas essenciais.


Para os Estados Unidos, garantir o aos minerais ucranianos é estratégico. Além de diversificar as cadeias de suprimento e reduzir a dependência da China, o país busca fortalecer setores como energia renovável, defesa e infraestrutura industrial. A disputa comercial com Pequim, que impôs restrições à exportação de minerais raros, também impulsionou o interesse americano.


O acordo com os EUA deve abrir espaço para investimentos globais na indústria mineral da Ucrânia. Embora o país tenha 20 mil depósitos identificados, apenas cerca de 15% estavam em operação antes da invasão russa de 2022. Muitas jazidas, como as de lítio e terras raras, permanecem intocadas por falta de capital e tecnologia.


Apesar de críticas iniciais que comparavam o acordo a uma imposição colonial, Kiev demonstrou interesse em uma exploração conjunta dos recursos, em vez de concessões unilaterais. Para analistas, a entrada de investidores americanos pode representar um divisor de águas no aproveitamento do potencial mineral ucraniano.

Qual é o acordo?

O acordo firmado entre Estados Unidos e Ucrânia garante que Kiev não terá de reembolsar a ajuda militar já recebida — uma importante concessão de Donald Trump, que anteriormente insistia que a Ucrânia deveria “pagar de volta” o apoio americano. A proposta original exigia US$ 500 bilhões em minerais ucranianos em troca da ajuda, o que foi rejeitado por Volodymyr Zelensky, gerando atritos entre os dois líderes.


Com a rejeição da proposta inicial, o acordo final determina que futuras assistências militares americanas serão consideradas investimentos em um fundo conjunto de reconstrução. Esse fundo será destinado ao desenvolvimento dos recursos naturais da Ucrânia, marcando uma mudança no tom e na estrutura da cooperação entre os dois países.


O acordo dá aos EUA direitos preferenciais de extração mineral na Ucrânia, mas mantém a soberania ucraniana sobre suas jazidas. Segundo a ministra da Economia, Yulia Svyrydenko, será o Estado ucraniano quem decidirá onde e o que será explorado, reafirmando que os recursos pertencem ao povo ucraniano.


Outro ponto importante é que o texto do acordo condena explicitamente a Rússia como agressora na guerra, distanciando-se das declarações anteriores de Trump que sugeriam que a Ucrânia ou Zelensky seriam responsáveis pelo conflito. O documento defende uma “Ucrânia pacífica, soberana e resiliente”.


Além disso, o tratado mantém aberta a possibilidade de adesão da Ucrânia à União Europeia. Ele estipula que os investimentos devem seguir os compromissos assumidos como país candidato ao bloco. Caso a Ucrânia se torne membro da União Europeia, o acordo será renegociado “de boa-fé”.


Os Estados Unidos, por sua vez, asseguraram diversas vantagens no texto. Todos os lucros e pagamentos oriundos do acordo estarão isentos de impostos e taxas em território ucraniano. Isso reforça o caráter vantajoso do pacto para empresas americanas interessadas nos recursos do país.


Por fim, o acordo determina que, em caso de conflito entre a legislação ucraniana e os termos do tratado, prevalecerá o conteúdo do próprio acordo. Isso dá ao pacto status legal superior, reforçando o compromisso dos dois países, mas também aumentando o poder dos EUA sobre decisões econômicas estratégicas na Ucrânia.


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