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‘Frota sombra’: veja como embarcações ilegais da Rússia desafiam regras no Báltico

Estimativas da Escola de Economia de Kiev indicam que quase 70% do petróleo da Rússia é transportado por navios ilegais

Internacional|Do R7

Apesar das sanções, a Rússia conseguiu aumentar as receitas com petróleo em 2024
Apesar das sanções, a Rússia conseguiu aumentar as receitas com petróleo em 2024 Reprodução/X - @euronews

Desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, a Rússia tem recorrido a uma estratégia marítima paralela para manter suas exportações de petróleo e driblar as sanções impostas pelo Ocidente: a chamada “frota sombra”. Composta por centenas de petroleiros envelhecidos, de propriedade obscura e sem os seguros exigidos internacionalmente, a rede clandestina de navios não apenas sustenta financeiramente a máquina de guerra do Kremlin, como também se tornou uma potencial ameaça à segurança da infraestrutura europeia no mar Báltico.

Ao longo do conflito, Estados Unidos e Reino Unido ampliaram as sanções contra a Rússia e miraram diretamente essa frota. As medidas atingem cerca de 200 navios e a Gazprom Neft, braço petrolífero da gigante estatal Gazprom. Segundo os governos ocidentais, Moscou tem se apoiado na “frota sombra” para contornar embargos, limites de preço e proibições de seguros marítimos.

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O que é a ‘frota sombra’

A “frota sombra” da Rússia é um grupo de navios que opera fora das normas de segurança, ambientais e financeiras do comércio internacional. Esses navios geralmente não possuem o seguro obrigatório “P&I”, que cobre riscos como vazamentos, colisões e danos ambientais, além de serem registrados sob bandeiras de conveniência, como Gabão, Ilhas Marshall ou Ilhas Cook, para escapar da supervisão internacional.

O uso desse tipo de frota não é exclusivo da Rússia: Irã e Venezuela também recorreram ao esquema para manter exportações de petróleo sob sanções. A inovação russa, porém, foi a escala. Segundo o Atlantic Council, cerca de 17% dos petroleiros russos já fazem parte da frota. Estimativas da Escola de Economia de Kiev indicam que quase 70% do petróleo da Rússia é transportado por navios ilegais.


Caso ‘Eventin’

Em março de 2025, autoridades aduaneiras da Alemanha confiscaram o navio Eventin, de bandeira panamenha, ancorado no Báltico desde janeiro. O petroleiro, suspeito de integrar a frota sombra, transportava 100 mil toneladas de petróleo bruto, avaliadas em mais de 40 milhões de euros. A embarcação havia sido incluída em uma lista europeia de navios ligados à evasão de sanções russas.

O confisco, autorizado pela Direção-Geral das Alfândegas da Alemanha, teve caráter político. Segundo o governo alemão, o objetivo foi enviar um sinal claro à Rússia de que a Europa não permitirá que sua costa seja usada como rota alternativa para exportações ilegais de energia.


Riscos militares

O que começou como uma manobra financeira pode agora representar um risco militar. Autoridades da Finlândia investigam se um petroleiro da frota clandestina, o Eagle S, esteve envolvido no rompimento de cabos submarinos no mar Báltico, entre eles um cabo de eletricidade entre Finlândia e Estônia. O navio havia partido de um porto russo pouco antes dos danos.

Se confirmada, essa seria a primeira evidência de que embarcações da frota sombra estão sendo usadas não apenas para contornar sanções, mas para sabotagem deliberada de infraestrutura crítica na Europa. “A Rússia está sistematicamente conduzindo uma guerra híbrida contra seus vizinhos da Otan e da União Europeia. É hora de abandonar as ilusões e encarar a realidade”, afirmou o ministro do Interior da Estônia, Lauri Läänemets.


Diante da ameaça crescente, países da região anunciaram reforços navais. O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, prometeu aumentar a presença da Aliança no Báltico. Finlândia e Estônia, membros recém-integrados, são particularmente vulneráveis, já que a área é cruzada por cabos de energia, internet e oleodutos submarinos essenciais para a Europa.

A fragilidade da zona torna o mar Báltico um palco ideal para ações de sabotagem: é raso, densamente trafegado e próximo de portos russos. Como navios comerciais têm liberdade para operar em águas internacionais, embarcações da frota sombra conseguem circular sem grandes restrições.

Lucros para o Kremlin

Apesar das sanções, a Rússia conseguiu aumentar suas receitas com petróleo em 2024. Segundo a Escola de Economia de Kiev, o país lucrou US$ 9,4 bilhões a mais graças à evasão ao teto de preço de US$ 60 por barril. As exportações renderam em média US$ 16,4 bilhões por mês, valor 5% superior ao do ano anterior.

Esse dinheiro não apenas financia o esforço de guerra na Ucrânia, como ajuda o governo russo a manter o orçamento equilibrado e o rublo estável. Para especialistas, enquanto a frota sombra continuar operando com impunidade, a pressão econômica sobre Moscou permanecerá limitada.

“O uso dessa frota está se tornando impossível de conter. Ela cresceu como um tumor: de algo pequeno e gerenciável, virou uma rede global com ramificações perigosas”, alertou Elisabeth Braw, pesquisadora do Atlantic Council.

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