CNI alerta para desaceleração na economia, apesar do crescimento de 3,4% do PIB em 2024
Apesar do crescimento anual positivo, entidade destaca a necessidade de atenção aos gastos públicos e aprovação de projetos para impulsionar a economia
Economia|Do R7, em Brasília

O crescimento de 3,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 foi recebido com otimismo pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Entretanto, a desaceleração no último trimestre do ano acendeu um sinal de alerta.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB avançou apenas 0,2% no quarto trimestre, o que pode indicar desafios para 2025.
O setor industrial foi um dos principais impulsionadores do resultado anual, com crescimento de 3,3%, em linha com as projeções da CNI. Todos os segmentos industriais registraram alta: construção civil (+4,3%), indústria de transformação (+3,8%), eletricidade, gás, água e esgoto (+3,6%) e extrativa (+0,5%). No último trimestre, a indústria foi o setor que mais cresceu, com avanço de 0,3%.
A CNI atribui parte desse desempenho a políticas de reindustrialização, como o programa NIB (Nova Indústria Brasil), e ao apoio de instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
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Restrições internas e externas
No entanto, a entidade alerta para os riscos que podem comprometer a continuidade do crescimento, como a política monetária restritiva do Banco Central e as medidas protecionistas adotadas por outros países, especialmente os Estados Unidos.
Ricardo Alban, presidente da CNI, reforça a necessidade de equilíbrio fiscal e controle de gastos públicos.
“A carga tributária já está no limite, principalmente para a indústria, que é o setor mais sobrecarregado. É essencial um pacto nacional para dissipar expectativas negativas e promover um ciclo de expansão sustentável”, afirma.
Alban também destaca a importância de aprovar projetos legislativos que incentivem investimentos em infraestrutura, como a Lei do Licenciamento Ambiental, a Lei Geral de Concessões e a modernização do setor elétrico.
Propostas prejudiciais
Além disso, a CNI critica propostas que considera prejudiciais, como a PEC que propõe reduzir a jornada de trabalho para 36 horas semanais, argumentando que a medida não considera a realidade econômica do país.
Para 2025, a CNI aponta riscos como a queda no ritmo de investimentos, a redução do consumo mesmo com aumento da renda e a contribuição negativa do setor externo. “Esses fatores podem levar a um recuo econômico e afetar o desempenho da indústria, que vinha em forte aceleração desde 2023”, conclui Alban.
A entidade reforça a necessidade de medidas que garantam a continuidade do crescimento, com foco em políticas que promovam a competitividade e a estabilidade econômica.