Presidente do Chile diz que Brasil ‘lidera o exemplo de como enfrentar big techs’
Gabriel Boric afirma que posicionamento da Suprema Corte brasileira contra o X foi ‘exemplo mundial’
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou nesta quinta-feira (24) que o posicionamento do Brasil e da Suprema Corte brasileira durante embates com o X, antigo Twitter, no ano ado foi “exemplo mundial”. “Não é fácil, não é óbvio, mas acredito que o Brasil é o país que está liderando o exemplo de como enfrentar as big techs”, completa.
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“No Chile, nos pareceu tremendamente valiosa a decisão da Suprema Corte do Brasil de exigir de uma grande companhia tecnológica como o X, ex-Twittter, que no Brasil, se respeitam as leis nacionais, independente do poder que tem uma corporação multinacional”, declarou.
Boric disse, ainda, que sentiu vergonha ao ver que os principais executivos de grandes empresas de tecnologia prestigiaram Donald Trump durante a posse do presidente dos Estados Unidos. “São essas pequenas omissões, ou ações que parecem insignificantes, que podem terminar também levando qualquer lugar no mundo a tiranias que não queremos voltar a viver como humanidade”, completou.
Durante participação em um evento na UnB (Universidade de Brasília), Boric discursou defendendo a democracia, o multilateralismo e a cooperação entre países.
“Estamos cientes que o isolacionismo e a lógica do ‘salve-se quem puder’ não são o caminho para o desenvolvimento do melhor bem-estar. Isso pode ajudar, circunstancialmente, a popularidade de um mandatário específico, mas ninguém no mundo vai se salvar sozinho. Para o Chile, a cooperação é uma prática e uma virtude necessária para enfrentar os desafios globais contemporâneos”, destacou.
Boric no Brasil
Gabriel Boric está no Brasil, em visita oficial, desde terça-feira (22). Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os chefes de Estado am treze acordos de parcerias bilaterais e memorandos e reforçaram a união entre os países.
Durante discurso, Lula defendeu que as relações entre países não devem ser feitas de forma ideológica. “Não quero saber se ele [presidente de outro país] é de direita ou de esquerda. Quero saber que ele é o presidente de um país, e quero ter com ele uma relação de chefe de Estado. Por isso precisamos de instituições sólidas, para não ficar dependendo de presidente”, disse.
Além de Lula, Boric também se reuniu com os líderes do Legislativo e do Judiciário. Ele esteve com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente; e também se encontrou com Luís Roberto Barroso, presidente do STF.
Relembre embate entre STF e X
Em 30 de agosto de 2024, após o X (antigo Twitter) não atender à ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) de indicar um representante legal da plataforma no Brasil, a rede foi suspensa em todo o território nacional. Ainda houve a determinação de uma multa de R$ 50 mil a quem usasse meios para tentar ar a rede.
Desde a investigação, conhecida como milícias digitais, Moraes determinou bloqueios de contas em redes sociais de personalidades conhecidas por atentar contra a democracia. Em 2020 e 2021, por exemplo, o blogueiro Allan dos Santos teve os perfis suspensos em todas as plataformas.
À época, Moraes afirmou que a decisão de tirar o X do ar consistia “nos reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais e inadimplemento das multas diárias aplicadas” por parte da rede social.
Na ocasião, o X disse que não respondeu à ordem de Moraes e que esperava o bloqueio da rede social no Brasil.
Ao longo de agosto, Moraes determinou que a empresa retirasse do ar uma série de perfis, entre eles o do senador Marcos do Val (Podemos-ES). Na primeira decisão, de 8 de agosto, o ministro tinha ordenado o bloqueio das contas em um prazo de duas horas, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
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