Partidos discutem ‘custo’ de estar no governo com queda na popularidade de Lula
Presidente atingiu maior nível de desaprovação na semana ada, em meio a discussões sobre eventual reforma ministerial
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Após o governo federal atingir, na semana ada, o menor nível de aprovação dos três mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os partidos que compõem a base têm discutido internamente o “custo” político de integrar a gestão. Além do PT, a Esplanada dos Ministérios tem 10 siglas, que vão desde a esquerda, com PSOL e PCdoB, até a direita, com Republicanos, ando pela centro-direita, com União Brasil e PSD.
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Na sexta-feira (14), a pesquisa Datafolha apontou que 41% dos eleitores reprovam o presidente, o maior número já registrado pelo levantamento considerados os mandatos anteriores. O petista tem, ainda, a pior aprovação dos três governos, com 24%.
Os questionamentos dos partidos ocorrem em meio a discussões de uma eventual reforma ministerial, especulada desde o fim do ano ado. As mudanças têm sido cogitadas para aumentar a governabilidade no Congresso Nacional e aperfeiçoar a comunicação das ações do Executivo, área criticada publicamente por Lula. Para alterar o rumo da divulgação do governo, o petista trocou o comando da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), logo no início do ano.
Integrantes de algumas legendas que fazem parte do governo afirmaram ao R7, em reservado, que a aprovação não interfere no apoio a Lula — por enquanto. É o caso de PSD e MDB, que chefiam, cada um, três ministérios. O PSD comanda Pesca e Aquicultura; Minas e Energia; e Agricultura e Pecuária. O MDB está à frente de Planejamento e Orçamento; Cidades; e Transportes.
Em outro lado da equação, está o PP, representado na Esplanda com uma pasta, a dos Esportes. Acomodar o partido na base de Lula foi um dos fatores que levaram à primeira reforma ministerial do petista, em setembro de 2023, quando André Fufuca (PP) substituiu Ana Moser no comando do ministério.
Nos bastidores, o PP quer comandar mais pastas federais, justamente porque o “preço” de estar ao lado de Lula aumentou. Um dos nomes cotados para integrar a Esplanada é o de Arthur Lira (AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Custo elevado
No PSD, a avaliação é de que “popularidade não altera em nada o apoio ao presidente”. No entanto, o partido quer mexer nos ministérios que representa — as principais negociações envolvem deixar a Pesca e receber o Turismo, hoje com o União Brasil.
Os principais nomes do partido, como o líder na Câmara dos Deputados, Antonio Brito (BA), o presidente Gilberto Kassab e o senador Omar Aziz (AM), aguardam convite do presidente Lula para debater o assunto. Ainda não há definição de quando essa conversa ocorrerá.
Apesar de sua sigla ter três ministérios no governo, Kassab não poupou críticas, no fim de janeiro, a Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em um evento do mercado financeiro, o político afirmou que o chefe da Fazenda era “fraco”. Comentou, ainda, que, se as eleições fossem hoje, Lula não conseguiria ser reeleito. Nos bastidores, as declarações de Kassab foram vistas como um o em direção a alianças com o PSDB e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sem influência
Para os integrantes do MDB consultados pelo R7, a queda da popularidade de Lula “não tem relação” com o apoio do partido ao governo. A avaliação é de que a legenda está “contemplada” no Executivo e que, portanto, não há motivos para reivindicar mais ministérios.
A posição está “totalmente pactuada”: “Estamos no governo. Nem essa, nem nenhuma pesquisa vai mudar isso”, garantiu uma liderança do MDB.
No entanto, a sigla, que também agrega simpatizantes a Bolsonaro, considera a conta quando se planeja para 2026. Embora o lançamento de candidatura própria seja uma tendência forte, como foi em 2022 e 2018, coligar-se ao PT logo no primeiro turno do próximo ano também não é descartado.