Associação propôs remédios nos mercados e validade ampliada de alimentos para aliviar preços
Supermercados levaram propostas a Lula, mas governo descartou mexer na data de validade; farmácias criticam medida
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) reforçou nessa quarta-feira (22) uma sugestão feita no fim do ano ado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva de alterar as regras na data de validade dos alimentos, mas o governo rejeitou a proposta. A entidade defendeu, também, incluir a venda de remédios que não precisam de receita médica em mercados. As medidas foram pensadas pela associação como forma de reduzir o custo de vida da população.
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O preço dos produtos, em especial de alimentos, tem preocupado a gestão de Lula, que cobrou os ministros em reunião na segunda-feira (20). A ideia de ampliar a validade de alimentos sugerida pela Abras, no entanto, não chegou a ser cogitada.
Apesar da resposta do Executivo, a Abras reforçou as propostas, depois de o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmar que o governo federal buscava um “conjunto de intervenções que sinalizem para um barateamento dos alimentos”.
A declaração do ministro gerou repercussão e questionamentos sobre o tipo de intervenção a ser tomada. Posteriormente, a Casa Civil emitiu nota para negar uma “intervenção de forma artificial” do Executivo. Uma das hipóteses levantadas inclui alterações nas normas da data de validade dos alimentos.
“Em consonância com a recente declaração do ministro Rui Costa, que destacou a prioridade do governo em baratear os alimentos, a Abras reafirma a importância de ações concretas para controlar a inflação e tornar o o aos alimentos mais ível para a população. Nesse contexto, a entidade propôs medidas como [...] a venda de remédios sem receita nos supermercados, que pode reduzir os preços em 35%, e a modernização do sistema de prazos de validade, o chamado ‘best before’ [...]”, sugeriu novamente a associação (leia a nota completa abaixo).
As farmácias criticaram a proposta de venda de remédios sem receitas em supermercados. Em nota divulgada nesta quinta-feira (23), a Abrafarma (Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias) declarou que as drogarias não geram inflação e alertou para o perigo da automedicação (o texto na íntegra também está abaixo).
Em resposta às farmácias, a Abras divulgou novo documento, questionou a nota da Abrafarma e citou “tom agressivo em relação aos mercados” (a réplica da Abras está no fim da reportagem).
Governo não cogita mudar validade
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, negou nesta quinta-feira (23) haver qualquer discussão no governo federal sobre mudar as regras de data de validade dos alimentos — medidas para reduzir o preço da comida, como alterações nessas normas, foram alvo de polêmica nessa quarta (22). Teixeira se reuniu nesta quinta com os colegas Rui Costa (Casa Civil) e Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária). O grupo vai se encontrar novamente nesta sexta-feira (24), desta vez com participação de Lula.
“Não, isso não está em cogitação”, declarou o ministro, ao ser questionado sobre mudar as regras de validade dos alimentos — a chamada “best before” (expressão em inglês que indica o prazo máximo de consumo de um produto).
“[A reunião] foi ótima, mas amanhã vamos ter outro diálogo com o presidente. Enfim, as coisas estão indo muito bem no Brasil”, acrescentou Teixeira a jornalistas, depois da reunião. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, também devem participar do encontro de sexta. “É o presidente Lula que vai anunciar”, completou Teixeira, a respeito de eventuais anúncios sobre o tema.
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